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terça-feira, 16 de abril de 2013
Até quando iremos esperar por atitudes na MAC
Mobilização popular interrompe a Rodovia Miguel Arlindo Câmara objetivando chamar a atenção de autoridades públicas do Estado e do país, bem como de empresas que utilizam a estrada para transporte de trabalhadores e de cargas!
A Miguel Arlindo Câmara, responsável pela ligação entre a Usina Termelétrica Presidente Médici e a BR-293 foi trancada hoje pela manhã através da mobilização da comunidade que exige medidas emergenciais para a rodovia.
População faz manifestação contra más condições da Miguel Arlindo Câmara. Quem mora na região, já conhece o malfadado histórico de acidentes na via Miguel Arlindo Câmara, em Candiota. Na última quarta-feira (10),...
Em 13 anos, foram registradas cerca de 25 mortes na estrada novamente foi manchete no Jornal MINUANO devido à tragédia que tirou a vida de três pessoas.Com o alto índice de mortes, a via já se tornou um personagem sombrio na história do município.
Cansados de ver crescer as estatísticas das fatalidades no trânsito, os moradores de Candiota decidiram reunir as vozes em um grito de socorro. Uma manifestação está sendo planejada e deve acontecer hoje, a partir das 6h30min da manhã.
A campanha “Acorda Candiota – S.O.S Miguel Arlindo Câmara” quer chamar a atenção das autoridades para o grande número de acidentes ocorridos na via. Em uma lista, formulada pelos
próprios internautas (incluindo diversos parentes de vítimas), foram contabilizadas 26 mortes na
rodovia, no período de 2000 a 2013.
Falta de sinalização
Benjamim da Rosa, 48 anos, há mais de 15 anos instalou sua marcenaria à beira desta estrada.
Passando grande parte do dia no local, ele já presenciou inúmeros acidentes e imprudências que
resultaram em tragédias.
A marcenaria fica exatamente em frente ao acidente ocorrido na última semana. Rosa conta
que houve inúmeros incidentes envolvendo automóveis e caminhões. Um dos últimos aconteceu
há menos de 20 dias, quando um caminhão perdeu o controle, saiu da pista e caiu no barranco do
acostamento.
Para ele, uma das principais causas dos acidentes é a má conservação da via, que não possui nenhum
tipo de sinalização ou iluminação noturna. Uma das razões é a falta de um responsável pela via,
já que esta é uma “via sem dono”. “A questão política de quem é o responsável pela estrada deveria
ser deixada de lado. O que deve ser resolvido é a melhoria, deviam colocar sinalização, iluminação,
aumentar o acostamento”, define o morador.
Segundo Rosa, os picos de movimentação são entre às 7h e 8h da manhã e às 17h, horário de troca de
turnos na CGTEE. O grande fluxo é constituído, principalmente, por veículos de grande porte, como
os caminhões que transportam cinzas da usina. “As vidas estão sendo ceifadas aqui. As autoridades
têm que começar a olhar de forma humana para esse problema e parar com o jogo de empurra.
Não custa nada colocar, pelo menos, uma sinalização nos piores locais”, argumenta.
A opinião é compartilhada pelo comerciante Paulo Quevedo Marques. Ele possui um comércio no trevo de acesso à vila João Emílio, onde foram registrados inúmeros incidentes. Para ele, não apenas a falta de sinalização e manutenção da estrada são os vilões. “Eu vejo muita imprudência aqui. É claro que falta sinalização e a estrada precisa de melhorias na via, mas os motoristas devem ter muito cuidado justamente por isso”, conta.
Marques acredita que, enquanto não se define a situação de responsabilidade da rodovia, algumas medidas paliativas podem ser feitas para diminuir o risco de acidentes fatais. “Se tivesse redutor de velocidade, os motoristas tomariam mais cuidado. Outra coisa que poderia ser feita era cortar algumas destas árvores que estão no acostamento. Se acontece de algum veículo sair da pista, pelo menos não vai ter um obstáculo para bater, isso poderia diminuir o risco de morte”, explica.
Há alguns metros do trevo de acesso para a vila João Emílio está localizada a Escola de Ensino Fundamental Neli Betemps. Inclusive, o nome da escola é uma homenagem a uma das vítimas da rodovia. Comportando 420 alunos nos três turnos, a instituição está apenas alguns metros distantes da rodovia.
A diretora da escola, Ana Jovelina Franco Hernandes, relata que teme pelos alunos. Como muitos moram do outro lado da rodovia, precisam atravessar a faixa, pelo menos, duas vezes ao dia, em horários de pico. A ausência de sinalização de solo (faixa de segurança) dificulta ainda mais o trajeto dos pequenos. “Nós já procuramos a Secretaria de Educação para ver o que poderia ser feito, mas só conseguimos uma monitora para organizar a entrada e saída em frente à escola mesmo. Ficamos com medo, assim como os pais, porque não tem segurança nenhuma para os alunos fazerem a travessia”, relata. A estrada, inclusive, já vitimou alunos da escola. Em um dos acidentes, uma das alunas faleceu. Em outro, ocorrido em 2009, a estudante ficou em estado grave.
Este último acidente, ocorrido há quatro anos, quase tirou a vida das filhas de Deise Cristiane Garcia Lucena, 31 anos, Keisi Loiane, 13 anos, e Kiuani Adieli, 5 anos. Ela conta que as três vinham na parte traseira do automóvel dirigido pelo marido. Ao tentar ultrapassar uma carreta na Miguel Arlindo, próximo aos silos, o pneu do carro bateu em um buraco profundo no meio da via, estourou e causou o capotamento do veículo. Após capotar quatro vezes, o carro acabou parando embaixo do caminhão. Com o impacto, Keisi, à época com nove anos, foi arremessada para fora do carro.
Apesar da criança não estar usando cinto de segurança, Deise acredita que o principal motivo do acidente foi a má conservação da via. “Se não tivesse aquele buraco, o pneu não teria explodido e nada teria acontecido. Com a gravidade do acidente, alguém poderia ter morrido. Os piores ferimentos foram os dela (Keisi), que perdeu parte da pele do braço e da cabeça”, conta.
Após sete dias internada em estado grave na UTI da Santa Casa de Caridade de Bagé, a menina foi liberada. Mesmo assim, a recuperação foi longa e até hoje a adolescente carrega sequelas do acidente, assim como vítimas de outros casos semelhantes.
Federalização tramita desde 2010
Apesar das condições críticas de trafegabilidade, manutenções são raras no local. Uma das alegações do poder público é que o município passa por um momento econômico delicado e não possui condições financeiras de assumir a estrada.
O prefeito de Candiota, Luís Carlos Folador, explica que para tentar contornar esta situação, foi elaborado o projeto de lei 0120/2010, proposto pelo senador Paulo Paim. O chefe do executivo relata que a proposta já foi aprovada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Ministério dos Transportes. Agora, resta aguardar o resultado da votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e Comissão de Infraestrutura e Logística.
Folador acredita que a proposta tenha grandes chances de ser aprovada. Explica ainda que sem a federalização, não há como realizar obras de melhorias na via. “Orçamos em R$ 12 milhões as obras de recapeamento, recuperação de acostamentos e instalação de iluminação e sinalização adequada, além da implantação de rotatórias nos pontos mais críticos”, conta.
A Rodovia Miguel Arlindo Câmara foi construída em 1973, pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), com extensão total de 14.605,33 metros. Porém, quando o complexo termelétrico passou para as mãos da Eletrobrás, a estrada não foi federalizada junto. Ela é o principal acesso da cidade, unindo todos os núcleos habitacionais do município.
Com fluxo intenso, maioria dos acidentes envolve caminhões e carretas que utilizam a rodovia
"As vidas estão sendo ceifadas aqui. As autoridades têm que começar a olhar de forma humana para esse problema e parar com o jogo de empurra"
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